quinta-feira, 13 de março de 2014

Encontro com o meu passado

Tive um encontro imediato com o meu passado, olhei para ele nos olhos, fixamente, e sabes o que senti? Nada! Nem uma pequena arritmia, nem o meu coração mudou de tamanho, continuei a respirar normalmente, nem as ternas e doces memórias de outrora invadiram os meus pensamentos. Apenas uma única memória, tão fresca e presente, um querer arrebatador, um desejo silencioso mas intenso: Quem me dera fossem teus, aqueles olhos que me olham com saudade, quem me dera voltar a ter um breve momento de me voltar a perder neles, nesses teus olhos de cor de mar, o mesmo mar que fui hoje visitar e que me amparou nos seus braços fortes e acolhedores. E ali naquele segundo tive a certeza que o amor que outrora existiu, não existe mais, evaporou-se em partículas mínimas que se perderam no universo e não restam mais dúvidas, ligações, saudades...

Mas ao mesmo tempo e de repente apercebi-me que já há muito abandonei o meu passado, apenas uma parte imaginaria de mim agarrou-se a uma zona de conforto que não quis deixar, porquanto outra nova realidade não lhe foi descodificada...

A mudança mete medo, o desconhecido também e este receio agarrava o passado com unhas e dentes, sabendo no fundo que o passado ficou lá atrás, bem resolvido, um livro fechado, guardado. A vida continua...